sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

E FEZ-SE BOOK - 2

Estou pensando na sorte que tenho como leitor. Além de ter lido caras pouco lidos pela imensa massa de leitores nacionais e ainda ter podido trocar correspondência pessoal e impressões com eles, leio originais.
Desses, há dois blocos: os trabalhos produzidos nas oficinas que dou e os amigos que me dão a honra de ler os seus. Aliás, por manter essa prática há muitos anos (trocar originais para revisão crítica), passei a dar oficinas formalmente em 2004, no Festival de Inverno de Diamantina, por indicação de Ricardo Aleixo.
E com ele começo esta prosa de versos.
Desde que nos conhecemos, temos trocado impressões que vão das digitais dos copos de cerveja a teoria da literatura – da nossa literatura, claro. Pude manusear os originais letra-setados de Festim, saboreando a batida de limão de seu Américo e, mais recentemente, os poemas não gráfico-visuais de Modelos Vivos. Para mim estava claro que Rique estava com seus poemas mais completos, aquele era seu livro da maturidade. Vê-lo pronto, com projeto de Bruno Brum, na profissional e caprichada edição da Crisálida, foi ter a sensação de que passar um ano entre os humanos pode valer a pena.
Por falar em Bruno Brum, ele acaba de lançar Mastodontes na sala de espera, também pela Crisálida. O livro venceu o concurso de poesia do governo do estado de Minas, mas isso nunca será o bastante para o verdadeiro poeta. Brum editaria o livro e precisava editar aquele material pensando no objeto que o conteria. A parte visual ele faz de olhos fechados, pois é profissional da área. O diabo é se contentar com o que se tem, ainda mais depois de ganhar prêmio. Outros amigos seus deram seus pitacos (e o título? Onde está o título?) e eu fui talvez o último a fazê-lo. Tenho um baita orgulho desse Mastodontes.
Assim como de A fera incompletude, que Fabrício Marques lançou neste setembro, pela Dobra. Li parte dos originais faz mais de ano. Na hora do autógrafo, o poeta me lembrou de detalhe do que lhe disse à época. E já comecei a ler no ônibus para casa. E a pensar: que tempo este nosso, que maravilha ser contemporâneo de poetas como Fabrício, que usa o que a poesia permite de lirismo com rara inteligência lingüística e a sensibilidade de quem viveu, de alguma forma, na tábua da beirada.

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