domingo, 30 de novembro de 2014

Memória (falta de) musical

     Mistérios da memória e da embromação: há anos pensei em contar esta história (ainda não tinha blog nem fb) real e só agora, depois de contá-la pela primeira vez a alguém (Paulo Costa e Lucílio Barbosa, em Natal/RN), vou registrá-la em papel.

     O rádio do carro tocou um música de que eu gostava, acompanhei remedando trechos da letra e do instrumental, mas o título e o nome da banda não vinham; acabou, esperei que se tocassem mais duas para que o locutor me informasse quem era - o que não aconteceu! E nada de me lembrar! Aflito (àquela época minha memória ainda funcionava um pouco), pensei que seria fácil resolver o problema: era só ligar pro meu amigo Kiko Ferreira, que sabe tudo e mais um pouco de música. Muitos dias depois me dei conta de que ainda não tinha ligado pra ele. Resumindo: até hoje não liguei - e isso foi há mais de dez anos. Em algum momento do passado, lembrei, achei graça de tudo e logo que abri este blog pensei em contar essa história. E ele já tem uns anos...
     
     Então, para retribuir tua leitura, cante comigo:

https://www.youtube.com/watch?v=xtAlzo_pqys

terça-feira, 11 de novembro de 2014

UMA AMIZADE DE 30 ANOS


Clic meu: Santos/SP, setembro 2104: Marçal e desenho seu, bar, amigos, prosa... 

     Em 1984, Leila Míccolis me escreveu do Rio dizendo que eu deveria fazer contato com um poeta de Amparo/SP porque ela tinha certeza de que nós nos daríamos muito bem. Devo ter mandado um exemplar do meu Bakunin, ele deve ter respondido com uma carta, que foi respondida com outra... Ficamos amigos assim, de cara. No início de 1985, muitas cartas já trocadas, ele veio passear em BH. Fui buscá-lo na rodoviária e não vi nenhum negro saindo do ônibus. Para mim ele era negro, foi o que eu deduzira da ilustração da capa de um livro que ele havia me enviado. Não, era branco, nessa época, e usava óculos rayban de piloto de avião.
     Marçal Aquino ainda bebia cerveja e fazia poemas. Já era um dos caras mais legais que já conheci. Ele não gosta que se fale essas coisas dele, mas nossa amizade, que completa 30 anos neste 2014, me permite a indiscrição. Claro que eu sempre saí no lucro, pois o sujeito é uma montanha de conhecimentos. Através dele fui apresentado a autores, diretores e principalmente outras pessoas que acabaram se tornando também alguns dos meus melhores amigos.
     Se minha memória ajudasse e eu não tivesse mais nenhum bom senso, poderia encher páginas com as histórias que vivemos juntos. (Ele tem uma memória assustadora — e discernimento, por isso esse folclore vai continuar sob domínio privado...)
     Vou contar só um episódio.
     Marçal sempre falou em entrevistas e palestras que os quadrinhos foram muito importantes para sua formação como escritor. Não sei se ele falava também em público que sempre gostou de desenhar e ainda desenha, mas esse detalhe sempre atiçou minha cobiça: quem sabe um dia tenho uma capa dele? Quando meu livro de contos Novella estava em produção (com o Carlos Fialho, da Jovens Escribas), resolvi calçar a cara e tentar. Para minha surpresa (não sei por que, pois sua generosidade sempre foi imensa), ele topou na hora. E não só aceitou, como me permitiu opinar sobre duas ou três versões até chegarmos ao desenho que acabou servindo de base para a capa de Danilo Medeiros. Era exatamente o que eu queria: uma ilustra de qualidade, inédita, de um grande escritor, que dialogasse com os contos.
          Tem como não amar um sujeito desses?



domingo, 9 de novembro de 2014

As luzes de Braulio Tavares

     

     Foi Leila Míccolis quem me apresentou a Braulio: era uma "Feira latinoamericana de poesia"(?), 1983(?), no Rio. Trocamos livros e eu mais uma vez saí ganhando: tenho até hoje Sai do meio que lá vem o filósofo, um ótimo livro de poemas (alguns falo em público desde sempre).
     Não vi mais Braulio. Não ficamos amigos: eu fiquei fã, à distância. Ele(?) me mandou A espinha dorsal da memória, novela com que ganhou um prêmio de FC em Portugal. Num momento qualquer dos anos 1990, nos reencontramos no saudoso Jequitibar, aqui em BH em um show dele.
     De uns anos pra cá seu nome e sua obra vêm aparecendo com destaque nas vitrines do mercado editorial. Mais recentemente, nos encontramos no festival de literatura de São João del Rey... Há uns 3 ou 4 anos, só para poder acompanhar sua produção, entrei no facebook.
     Essa conversa toda é só para dizer da alegria que está sendo ler A nuvem de hoje (Latus), coletânea de artigos publicados (diariamente!) entre 2003 e 2010 no Jornal da Paraíba e em mundofantasmo.blogspot.com.br. São textos que abordam assuntos de todos os tipos, sempre com inteligência/humor, conhecimento de causa, sensibilidade, memória pessoal e coletiva, poesia... É o caso clássico de querer ler tudo, mas querendo que não acabe nunca.
     Na internet há informação o suficiente para você conhecer um pouco mais sobre ele. Finalizo esta conversa com a alegria de saber que logo logo seremos colegas de editora.