sexta-feira, 25 de julho de 2014

ERNANI SSÓ - da série "perfis de chapas"

  








     
   Há alguns anos, Marçal Aquino me afirmou que faria bem à minha saúde conhecer o gaúcho Ernani Ssó, que tínhamos a ver um com o outro, que o cara escrevia muito e pensava outro tanto... Sugestão de Marçal é uma ordem: escrevi pra Porto Alegre (ou enviei algum livro). Logo veio a resposta e não paramos mais de nos comunicar com muita frequência. Quando criei um email, a coisa ficou ainda mais divertida. Sim, porque é impossível pensar no Ssó deixando o humor (que, no caso, só existe - como, aliás, é na vida real - recheado de inteligência) de lado.
   Quando ele veio a BH, participar de uma mesa no Salão do Livro, aproveitei para levá-lo a Sabará, conhecer aquelas jabuticabeiras (elas haviam sido tema de alguma conversa anterior), igrejas, passear e provar alguma comida típica mineira. (Ele investiu boa parte do tempo falando daquelas guerras que constituem o povo sulista. Acho que todos eles são assim, não sei.) A impressão que me deixou foi a melhor possível: sujeito culto, sem soberba; bem humorado, sem exibicionismo; afetivo, sem ser pegajoso. Enfim, mais um amigo para justificar esta minha vida na literatura.
   Trocamos livros, originais e fofocas. Seu olhar crítico muitas vezes me ajudou a evitar cacos depois de escrever - e antes, claro. Apesar da distância física, tenho o sujeito ao meu lado o tempo todo. Chego a rir sozinho de piadas que "fazemos" sobre absurdos e tosqueiras da vida.
   Também fui a POA, duas ou três vezes. Nos encontramos e foi sempre um prazer desfrutar de sua companhia (e uma vez da de sua família), ser recebido com deferência, sentir que a amizade é intensa e de mão dupla. Foi numa dessas que ele me apresentou o escritor Pedro Paulo Fink, uma pérola das letras nacionais.
   Ssó tem uma obra imensa: romances e contos para adultos, contos para crianças e jovens, traduções do espanhol que enchem uma estante, incluindo a do Dom Quixote (http://www.companhiadasletras.com.br/autor.php?codigo=02293), única para o português brasileiro . 
   Ele não usa redes sociais, mas você pode vê-lo às terças-feiras em www.coletiva.net: doses gigantes de humor, inteligência, crítica e bobagens sobre tudo, mas principalmente sobre literatura. É um bom começo para se aproximar desta figura ímpar.