segunda-feira, 25 de agosto de 2014

OS VOTOS (por ora)

  


   Pensando em quem votar este ano. Se votar. Se não anular... Por enquanto, a coisa está assim:
      Deputado estadual: recentemente, estive numa reunião com o vereador Gilson Reis. Inspira confiança, o discurso é afinado com o que eu penso, esteve ao nosso lado nas últimas greves (PBH). O PCdoB não é nem de longe um partido interessante, mas o Gilson pode ser uma opção. Retificando em 18/09: conheci o André Veloso, do PSOL, votarei nele.
     Deputado federal: Patrus Ananias. Errou em não disputar a primeira prefeitura com o atual prefeito; errou em aceitar ser vice do PMDB para o governo do estado; errou em demorar a assumir a briga pela PBH em 2012, mas ainda é um político em que acredito.
     Senador: trabalhar contra o PSDB.
     Governador: Pimentel usou sua popularidade e a do PT para se aliar ao então popular Aécio Neves, do PSDB, para eleger o naquele momento desconhecido empresário Márcio Lacerda, do PSB. Nenhuma chance. Fidélis, do PSOL, tem recomendações de biografia e de amigos que o conhecem. É uma opção à esquerda.
     PresidenteDilma, não. Assim como Lula, teve todas as oportunidades para iniciar processos importantes para o país, e não o fez. E ela tem se omitido, quando não agido de forma detestável, em algumas questões, como, por maior exemplo, a reação autoritária às manifestações populares.
     Luciana Genro, por representar talvez uma postura à esquerda, já que o PT não cumpre mais esse papel. Até onde sei, ela é uma boa candidata.
     Neste momento, Marina Silva está novamente inflada pela direita e seus house-organs. É uma possibilidade tão terrível quanto Aécio Neves. Acredito (e quero) que, se chegar ao segundo turno, chegará bastante enfraquecida, mas se eu estiver errado, provavelmente assumirei o maldito voto útil em Dilma, caso Luciana não passe.
     (Reconheço qualidades do PT, no qual votei por muitos anos, em vários de seus governos, especialmente no federal. Lamento que ele tenha se equivocado tanto desde que se tornou poder.)
     
     

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

MORTE E CENSURA

    


      Nos últimos cinquenta anos morreram perto de mim pessoas que eu amava, em vários níveis, de vários tipos e modelos. A separação é dura, terrível, e não há palavras ou gestos que a desfaçam. Nem o tempo. Vivo (com trocadilho) com todas essas, todos os dias, e não haverá intervalo comercial quando a minha hora também chegar: eles, que se foram, ainda estarão comigo, sua dolorida ausência, ao assistir ao filme da minha vida.
     
     Não me interessei pelo político nem pela pessoa Eduardo Campos, nem antes nem depois de ser candidato, mas sei que as pessoas próximas a ele e aos outros que morreram no acidente estarão sofrendo tudo neste momento. 
     
     No velório de minha irmã, perplexo com algumas pessoas presentes, cometi o verso "o pior da morte não é o morto, são os outros".

     Estava conectado dia 13 p.p., acompanhei o noticiário sobre o acidente desde as primeiras vagas informações até a confirmação das mortes.
     Imediatamente, talvez até mesmo antes dessa confirmação, começaram a surgir na minha página de rede social alertas/avisos/ameaças quanto à possibilidade de eventuais piadas em cima da morte de Eduardo Campos.
     Essa reação foi o que mais me assustou: as pessoas, inclusive alguns amigos meus por quem tenho o maior respeito como intelectuais/militantes de esquerda explicitaram uma antipatia a tais manifestações de humor-crítica-mal gosto-maldade-etc. quando (lá vou eu) o defunto ainda estava fresco! 
     
     Já faz tempo que o país vem se deixando conduzir por uma postura careta (o termo explica bem) que ameaça transformar essa imberbe democracia numa república fundamentalista evangélica (e congêneres).
     Para mim, essa postura reativa a priori se chama censura prévia. E em medida pessoal, o que é muito muito terrível.

     (Algumas poucas manifestações fizeram a diferença na minha página. A melhor foi uma que lembrou que velórios, no Brasil, são, tradicionalmente, um ótimo ambiente para piadas, inclusive sobre o morto. Ou sobre quem o vela, poemas.)

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

VALE A PENA FAZER OFICINA LITERÁRIA?

   Após divulgar a oficina que oferecerei no Espaço Cultural Letras e Ponto entre agosto e outubro deste ano, fiquei pensando se ainda vale a pena esse esforço... Semestre passado, pela primeira vez em cinco anos, não se formou uma turma. Em Santa Catarina quinze pessoas se inscreveram para trabalhar comigo em maio e junho, vinte horas. Em São Paulo, parece, oficinas são uma rotina. Aqui em BH o movimento é bem menor, quase nulo (até onde sei).
   Quando comecei a escrever e publicar, tive poucas orientações de leitura, esparsas, nenhuma de escrita. A primeira experiência concreta foi com o escritor Francisco de Morais Mendes, que repassou comigo os originais (caóticos) da minha novela Diz Xis, em 1990. A partir daí a troca de originais para leitura crítica se intensificou com vários outros amigos. Até que em 2004 dei uma oficina no Festival de Inverno da UFMG, em Diamantina. Desde então venho buscando afinar meu olhar, entender melhor o que é esse processo para dar o melhor de mim em cada oficina, para cada um dos oficineiros que me procuram.
   Se tivesse participado de algumas oficinas quando comecei a rabiscar versos, com certeza teria queimado etapas de aprendizado solitário, batido menos a cabeça no muro, dado menos murros em ponta de faca...
   Por isso, sempre que há a possibilidade de oferecer uma oficina de escrita ou leitura, volto a essas reflexões para chegar à mesma conclusão sempre: ainda vale a pena!