Para mim, uma grande honra, pois significa uma interlocução de altíssimo nível com uma leitora.
Lambe lambe
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São esses fotógrafos e fotógrafas para os quais suas câmeras são “o caderno de esboços, um instrumento da intuição e da espontaneidade, o mestre do instante que, em termos visuais, ao mesmo tempo questiona e decide”.
São esses fotógrafos e fotógrafas que pensam que “para “significar” o mundo é preciso sentir-se implicado naquilo que se recorta através do visor. Essa atitude exige concentração, sensibilidade, um senso de geometria. É por uma economia de meios e, principalmente, um esquecimento de si que se chega à simplicidade de expressão.”
São esses fotógrafos e fotógrafas para os quais “fotografar é prender o fôlego quando todas as nossas faculdades convergem para captar a realidade fugidia; é aí então que a apreensão de uma imagem é uma grande alegria física e intelectual.”
São esses fotógrafos e fotógrafas para os quais “fotografar é num mesmo instante, e numa fração de segundo, reconhecer um fato e a organização rigorosa das formas percebidas visualmente que exprimem e significam esse fato. É pôr na mesma linha de mira a cabeça, o olho e o coração. É um modo de viver”.
São esses fotógrafos e fotógrafas que, como eu, veem beleza em tudo, porque desconfiam que em tudo está contido o belo, e seu desafio é fazê-lo se revelar;
São esses fotógrafos e fotógrafas que, por saber que fotografar é escrever com a luz, tem por missão encontrar a luz que anima cada ser - e que os torna únicos e belos - e escrever com ela uma história.
Minha missão na fotografia, e na vida, é a busca incessante da luz.
Inspirado no texto "Fotógrafos", do livro, "Lambe, lambe", de Sérgio Fantini. Ed. Jovens Escribas, 2016.
Entre aspas: Henri Cartier-Bresson, em "O imaginário como ele é", Clair, Jean. II. Cosac Naify, 2011