quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

BALANÇO DE 2014

        
Dom, primeiro dia em casa (foi recolhido na rua)
     
     Fim de ano, hora do tradicional "vamos ver o que rolou". A impressão inicial é de que o ano foi bom, como, aliás, os últimos antes deste. Claro, nem tudo são cervejas geladas numa tarde de calor, mas estou vivo e já mirando 2015. Portanto, para entender o que fizemos, eis nossa lista de boas ações:

* Saiu, oficialmente, a 2ª edição do meu A ponto de explodir, pela Jovens Escribas. Comemorando os dez anos da editora, lançamos em BH e em São Paulo, no início do ano, no Rio e em turnê depois;
* Participei de mesa em Florianópolis, dentro do 4º Festival Nacional do Conto, além de dar oficina pelo SESC/SC;
* Muitas leituras críticas de originais, o que sempre traz aprendizado (de humildade, em primeiro lugar) e algum reforço orçamentário;
* Novella foi semi-finalista do Prêmio Portugal Telecom, uma boa mídia espontânea para o autor, o livro e a editora - que é o mais importante;
* Continuo dando oficinas de leitura pela Fundação de Cultura, que também são prazerosos espaços de aprendizagem e convivência com leitores;
* Tentei voltar às peladas de salão, com os colegas da FMC: impossível. Sem fazer um acompanhado trabalho de recuperação física, corro o risco de me machucar seriamente;
* Continuo trabalhando com Rodrigo Leste, amigo há mais de 30 anos, na criação de suas peças para-didáticas e leitura de originais;
* Entrei firme na greve do funcionalismo, fazia tempo que estava afastado das lutas (ver item sobre eleições adiante);
* Participei de alguns saraus bem legaus, especialmente no 13 de maio, no Letras e Ponto;
* Onde, aliás, dei uma boa oficina no segundo semestre;
* Desenhei um pouco mais, a partir de uma orientação do mestre Cláudio Martins, mas ainda não me dediquei o bastante;
* Em abril adotei o Dom, que agora vai morar comigo por uns 15 anos;
* Fiz uma palestra no 7º Festival de Editoração do CEFET, que serviu para repassar um pouco dos meus quase 40 anos de publicações;
* Fiz um lançamento em Santos/SP, que serviu para apresentar uma palestra sobre a criação de Muito silêncio (por nada), além de conhecer e reencontrar bons amigos (além da passagem por São Paulo, sempre farra da melhor qualidade);
* Escrevi 22 (com este) textos pro blogue e comecei um projeto novo;
* Me envolvi, no 2º turno da eleição presidencial, de corpo e alma na candidatura Dilma contra a possibilidade de termos aécio e sua gangue no poder. Também era um movimento que eu havia deixado de lado nos últimos anos. Foi bom desenferrujar a verve militante;
* Trabalhei com os alunos do Pró-técnico do CEFET o livro Max e os felinos, em sua preparação para o ENEM; e
* Participei, ao lado de outros colegas de editora, da Caravana Nordeste (Recife, João Pessoa e Natal) da Jovens Escribas.

Para um adolescente de 53 anos, até que a movimentação foi boa.

domingo, 30 de novembro de 2014

Memória (falta de) musical

     Mistérios da memória e da embromação: há anos pensei em contar esta história (ainda não tinha blog nem fb) real e só agora, depois de contá-la pela primeira vez a alguém (Paulo Costa e Lucílio Barbosa, em Natal/RN), vou registrá-la em papel.

     O rádio do carro tocou um música de que eu gostava, acompanhei remedando trechos da letra e do instrumental, mas o título e o nome da banda não vinham; acabou, esperei que se tocassem mais duas para que o locutor me informasse quem era - o que não aconteceu! E nada de me lembrar! Aflito (àquela época minha memória ainda funcionava um pouco), pensei que seria fácil resolver o problema: era só ligar pro meu amigo Kiko Ferreira, que sabe tudo e mais um pouco de música. Muitos dias depois me dei conta de que ainda não tinha ligado pra ele. Resumindo: até hoje não liguei - e isso foi há mais de dez anos. Em algum momento do passado, lembrei, achei graça de tudo e logo que abri este blog pensei em contar essa história. E ele já tem uns anos...
     
     Então, para retribuir tua leitura, cante comigo:

https://www.youtube.com/watch?v=xtAlzo_pqys

terça-feira, 11 de novembro de 2014

UMA AMIZADE DE 30 ANOS


Clic meu: Santos/SP, setembro 2104: Marçal e desenho seu, bar, amigos, prosa... 

     Em 1984, Leila Míccolis me escreveu do Rio dizendo que eu deveria fazer contato com um poeta de Amparo/SP porque ela tinha certeza de que nós nos daríamos muito bem. Devo ter mandado um exemplar do meu Bakunin, ele deve ter respondido com uma carta, que foi respondida com outra... Ficamos amigos assim, de cara. No início de 1985, muitas cartas já trocadas, ele veio passear em BH. Fui buscá-lo na rodoviária e não vi nenhum negro saindo do ônibus. Para mim ele era negro, foi o que eu deduzira da ilustração da capa de um livro que ele havia me enviado. Não, era branco, nessa época, e usava óculos rayban de piloto de avião.
     Marçal Aquino ainda bebia cerveja e fazia poemas. Já era um dos caras mais legais que já conheci. Ele não gosta que se fale essas coisas dele, mas nossa amizade, que completa 30 anos neste 2014, me permite a indiscrição. Claro que eu sempre saí no lucro, pois o sujeito é uma montanha de conhecimentos. Através dele fui apresentado a autores, diretores e principalmente outras pessoas que acabaram se tornando também alguns dos meus melhores amigos.
     Se minha memória ajudasse e eu não tivesse mais nenhum bom senso, poderia encher páginas com as histórias que vivemos juntos. (Ele tem uma memória assustadora — e discernimento, por isso esse folclore vai continuar sob domínio privado...)
     Vou contar só um episódio.
     Marçal sempre falou em entrevistas e palestras que os quadrinhos foram muito importantes para sua formação como escritor. Não sei se ele falava também em público que sempre gostou de desenhar e ainda desenha, mas esse detalhe sempre atiçou minha cobiça: quem sabe um dia tenho uma capa dele? Quando meu livro de contos Novella estava em produção (com o Carlos Fialho, da Jovens Escribas), resolvi calçar a cara e tentar. Para minha surpresa (não sei por que, pois sua generosidade sempre foi imensa), ele topou na hora. E não só aceitou, como me permitiu opinar sobre duas ou três versões até chegarmos ao desenho que acabou servindo de base para a capa de Danilo Medeiros. Era exatamente o que eu queria: uma ilustra de qualidade, inédita, de um grande escritor, que dialogasse com os contos.
          Tem como não amar um sujeito desses?



domingo, 9 de novembro de 2014

As luzes de Braulio Tavares

     

     Foi Leila Míccolis quem me apresentou a Braulio: era uma "Feira latinoamericana de poesia"(?), 1983(?), no Rio. Trocamos livros e eu mais uma vez saí ganhando: tenho até hoje Sai do meio que lá vem o filósofo, um ótimo livro de poemas (alguns falo em público desde sempre).
     Não vi mais Braulio. Não ficamos amigos: eu fiquei fã, à distância. Ele(?) me mandou A espinha dorsal da memória, novela com que ganhou um prêmio de FC em Portugal. Num momento qualquer dos anos 1990, nos reencontramos no saudoso Jequitibar, aqui em BH em um show dele.
     De uns anos pra cá seu nome e sua obra vêm aparecendo com destaque nas vitrines do mercado editorial. Mais recentemente, nos encontramos no festival de literatura de São João del Rey... Há uns 3 ou 4 anos, só para poder acompanhar sua produção, entrei no facebook.
     Essa conversa toda é só para dizer da alegria que está sendo ler A nuvem de hoje (Latus), coletânea de artigos publicados (diariamente!) entre 2003 e 2010 no Jornal da Paraíba e em mundofantasmo.blogspot.com.br. São textos que abordam assuntos de todos os tipos, sempre com inteligência/humor, conhecimento de causa, sensibilidade, memória pessoal e coletiva, poesia... É o caso clássico de querer ler tudo, mas querendo que não acabe nunca.
     Na internet há informação o suficiente para você conhecer um pouco mais sobre ele. Finalizo esta conversa com a alegria de saber que logo logo seremos colegas de editora.

sexta-feira, 31 de outubro de 2014

EU E O PT, O PT E EU

     
(Tenho fotos mais antigas com a estrelinha, mas só achei esta agora.)


     As manifestações de ódio ao PT nesta eleição me fizeram recordar minha história com ele. Eu me tornei eleitor em 1979. Em 1985, ele elegeu a prefeita de Fortaleza/CE, sua primeira grande conquista.  Não sei quais foram meus primeiros votos, mas sei que em 1984 eu usava a estrelinha (há um episódio pessoal marcante que me dá essa certeza). Dali em diante participei mais ou menos intensamente das eleições e outros movimentos relacionados à esquerda. Nunca fui um militante de carteirinha nem me filiei (há um episódio estranho quanto a isso...). Fui, no máximo, um simpatizante mais aguerrido. Para a eleição de 1992 montamos um comitê no Instituto Agronômico/BH, levamos o Patrus até lá e com o saudável trabalho coletivo o elegemos.
     1989 é um ano que está na memória de todos nós, gravado de forma muito especial. Fui um dos milhões de brasileiros que acreditaram e se empenharam para a concretização do sonho socialista.
     A partir de um certo momento, que não consigo definir com exatidão, passei a me interessar menos pelas eleições, e também não quero me aprofundar em analisar os motivos. A política, em sentido amplo, faz parte da minha rotina de cidadão: só consigo entender o mundo e sobreviver emocionalmente a ele através de sua ótica (entre outras).
     Em 1980 escrevi um livro de poemas que se pretendia essencialmente político chamado A poesia de plantão. Não deve ser bom. Pedi à minha amiga Sônia Augusto que guardasse os manuscritos (como um presente).
     Foi com o espírito desarmado contra a direita que comecei a viver as eleições de 2014. Vinha sendo muito crítico aos governos de Lula e Dilma para levantar bandeira. Não vou (até por que não é hora) me deter em explicar isso. Só percebi que precisava voltar a me apaixonar (não pelo partido nem pelo governo) quando a ameaça de um retrocesso irremediável ameaçava o país. 
     Para o segundo turno, literalmente me vesti de vermelho. Era preciso evitar que a direita fascista e entreguista (entre outras qualificações da mesma ordem) retomasse o governo federal. Ela conseguiu piorar a qualidade do congresso - mais um motivo para dar força à candidatura (e agora, governo) Dilma. Fiz o que foi possível, mesmo ainda meio enferrujado dos anos longe das ruas. Conseguimos, mais uma vez.
     Repito o que já disse aqui: se o PT não retornar às bases e o governo não abraçar as causas da esquerda, eles serão os maiores responsáveis pelas (toc toc toc) vitórias da direita daqui em diante.

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

2º governo Dilma

http://www.blogdacidadania.com.br/2014/10/segundo-governo-dilma-sera-muito-mais-de-esquerda-que-o-primeiro/

http://blogdosakamoto.blogosfera.uol.com.br/2014/10/27/a-pressao-por-uma-guinada-de-dilma-a-esquerda-comeca-agora/

          Eduardo Guimarães e Leonardo Sakamoto já disseram, nos blogs linkados acima, com muita clareza o que eu venho pensando em dizer a respeito do próximo governo Dilma: ela precisa retomar as pautas da esquerda e o PT precisa se voltar para suas bases.
     Até um poste teria o tanto de voto que Aécio teve. Esta votação não foi a favor do PSDB, foi contra o PT. Os governos Lula e Dilma levantaram a bola para que a mídia orquestrasse esse ódio em corações e mentes. Isso ficou muito claro em dezenas de declarações de eleitores, em vídeos e nas ruas. Não havia uma defesa deles, apenas um rancor ensandecido contra nós.
     Não será um governo fácil, não pela pequena margem de votos, mas pelo congresso mais conservador que pisará em Brasília. A negociação com esses grupos deverá ser a mais formal possível, enquanto, por outro lado, será inevitável abraçar as causas populares para ter o apoio do povo. 
     É o que eu espero. Seria desmantelar o jogo político saudável (esquerda, direita e todas as nuances existentes na democracia) deixar espaço para que esse fascismo consiga chocar seu ovo. Manter as políticas sociais e engrossar a voz das esquerdas é fundamental a partir de agora.

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

SE AGARRO O CIGARRO

     Havia a "Turma da Marieta": uma dúzia de moleques que passavam horas sentados nas grades, muros e passeio da casa de seu Zé Alves, na rua Marieta Machado (em Sabará). Eu era uma espécie de membro honorário, pois nem morava na cidade. Meu primo Leo me levou e eu fui aceito e fui ficando. 
     Esta história se passa em 1971, eu tinha 11 anos.
     Nossa principal ocupação era inventar o que fazer. Acho que, no geral, inventávamos coisas boas, mas houve o cigarro. Não o inventamos, mas precisamos experimentar - e aqui começa a saga do pigarro.
     Comprávamos Arizona, picado, num botequim ali por perto e íamos "fumar escondidos" na ponte: à noite, para ninguém ver a brasa, mantínhamos o cigarro dentro da mão em concha.
     Início do vício, continuei fumando escondido, roubando Minister do meu pai, filando de todo mundo durante os próximos anos. Quando pude comprar e escolher, optei pelo Hollywood.
     (Em algum momento, quando morávamos na rua Silvestre Ferraz - entre meus 15 e 18 anos - deixei de fumar escondido.)
     Em 1990, morei no barracão alugado de meu amigo Régis Gonçalves, na rua Jaspe, Floresta. Numa madrugada de sexta, tive um acesso de tosse tão forte que achei que ia morrer. Pior: como ele e a família só voltariam na segunda, imaginei que meu corpo ficaria dois dias sozinho ali na cama... Não morri, mas precisava tomar uma atitude drástica quanto ao cigarro. E tomei: passei do filtro amarelo para o branco do Free Light.
     Durante esse tempo todo, sempre pesei 58 kg (para 1m58cm). Em sei lá quando, já nos anos dois mil, ou pouco antes, fiquei 4 meses sem fumar. Vitória. Depois fiquei 6 meses - e engordei 10 quilos! Depois fiquei 13 meses sem fumar! E entrei na faixa dos 70 e tal.
     Agora, neste 25 de outubro, completo 4 anos sem fumar. Me sinto melhor a cada dia e, nas últimas semanas, estou conseguindo emagrecer um pouco. Isso é muito bom e eu queria compartilhar com vocês.
     (Não esperei dia 25 para postar porque teremos assunto mais importante até lá.)

terça-feira, 30 de setembro de 2014

2.000 TOQUES

    O escritor André Timm convida vários escritores para falar de seu processo de escrita. Eis minha participação:


     Sempre digo, e não só eu, que “escrevo 24 horas por dia”. É aquela coisa de estar antenado no que pode virar literatura: pessoas, cenas, ambientes, frases, histórias, cheiros, sabores, toques, memórias, piadas, atos falhos, viagens… A qualquer momento pode rolar o estalo que vai iniciar um novo conto, resolver o andamento de outro, iluminar um enredo meia-boca… Tenho o caderno na mochila, mas podem ser úteis os tradicionais guardanapos de papel, folheto de publicidade, folha de guarda do livro em uso…

     Essa é a fase lúdica da escrita.

     O bunda-na-cadeira-mãos-no-teclado-olhos-na-tela-branca é a parte operária. Esta carece de mais atenção, até por que há muito mais coisas para se fazer (não que sejam, sempre, mais importantes/interessantes), como cuidar do cão, namorar, beber, ler, manter o emprego remunerado, ver tevê, visitar o mundo virtual, passear, viajar, ver amigos e familiares, olhar paredes…

     Como sou, por natureza, distraído, quando vou escrever preciso criar ao menos duas condições especiais, através de esforço: me concentrar (no texto, no conteúdo, na demanda externa, quando há) e preparar o tempo em que ficarei ao computador.

     Que é, sempre, pela manhã. Se for o caso, posso me levantar às 4 da madrugada; mas também posso começar às 8… fundamental é que seja a primeira atividade do dia. Nunca é um round muito longo. (Quase) qualquer outra coisa pode me distrair e eu acabo postergando a escrita para a manhã seguinte. Porque depois que o dia civil começa, literatura continua a ser tudo aquilo que mencionei antes (a vida) menos a escrita.


    



o link do facebook: https://www.facebook.com/2miltoques/photos_stream
(vale a pena conhecer os depoimentos)

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

OS BARES DA MINHA ESQUINA









     A rua em que moro há cinco anos é muito fraca em matéria de bar da esquina. Aliás, o bairro todo é bem desprovido desta instituição tão importante na minha formação espiritual. Eu, cada vez mais, gosto de beber em casa, com familiares, amigos ou tendo o Dom e meus vinis por companhia (tem mais coisa e gente nessas horas, mas melhor não detalhar demais). Mas eles fizeram parte de minha vida - e muito intensamente. Por isso, antes que se percam entre as garrafas da mesa, escorram pelo ralo da rala memória ou se prendam atrás das portas que se fecham, registro aqui os que foram mais importantes para mim. Cada um me fez viver aventuras especiais, em menor ou maior grau, frequência e intensidade. 
     Eu ainda era criança quando conheci meu primeiro bar da esquina. Não ficava na esquina da Álvares de Azevedo, na verdade ficava na rua Ponte Nova, a uns 5 quarteirões de casa. Era a Mercearia do Seu Zé, onde meu pai parava nas manhãs de sábado: era minha tarefa ir até lá chamá-lo pro almoço.
     Depois fica difícil organizar cronologicamente seu surgimento, nem quero fazer isso. Vamos por outras doses: em Sabará, cidade que precisei frequentar desde a infância, havia o Tareco, ao lado da casa da minha avó/tias. Ainda não bebia, mas tenho registro visual e sonoro do ambiente. O Turista, mais conhecido pelo nome de um dos donos, Vavá, irmão do Pedro; ficava na esquina da rua Direita com praça Santa Rita. Vicente, minúsculo, mas bem em frente ao Banco Mercantil, que tinha a calçada elevada, onde nos acumulávamos por horas a fio. Cê qui sabe, surgiu com ares de 'restaurante', mas também tinha clientes em frente, na passarela do banco. Adega, do nosso amigo Jardel, que ficava nos fundos da casa de sua família; alternativo, ouvíamos rock, fazíamos saraus e fumaça. O bar, na Santa Rita/Direita, tinha nome, mas para nós era Márcio, nome do atendente; durante o ano de 1986, em que trabalhei e morei em Sabará, íamos todos os dias de semana beber a partir das 18h01. Valdemar era um garçom querido que, felizmente, abriu seu próprio bar perto da igreja de São Francisco; durou pouco, infelizmente. Quinto do Ouro tinha vários ambientes, foi por muito tempo a savassi da cidade. Bolão é apelido de uma figura folclórica, teve um boteco na esquina da Clemente Faria com praça Santa Rita. 314 era famoso pelo feijão tropeiro e pela simpatia dos proprietários; Fafá de Belém teve o prazer de provar. Dona Lia, no Arraial Velho, fazia um frango ao molho pardo (entre outras delícias) maravilhoso; quem pôde comprovar isso foi Zé Ketti, com Ronaldo Rayol e Luiz Roberto Guedes, quando os levei lá. Também no Arraial Velho, alguns anos depois que Dona Lia se foi, havia, até pouco tempo, o Quinta dos Cristais, do músico Ângelo Heleodoro, que ficava no local onde era o sítio, que frequentei na infância, do meu tio Vitório. Aliás, o Ângelo, quando tentou reerguer a Orquestra Sinfônica Mineira, manteve na sede da avenida Santos Dumont um bar em que bebíamos todas as sextas-feiras daquele 1981. Antes de sair de Sabará, lembro do Moinho D'água, no Pompéu, de dona Maria, mãe do Silas, único que ainda faço questão de visitar (várias carnes com ora-pro-nobis) e de um não bar, mas onde também bebemos e vivemos muito, que eram as barraquinhas da praça do Rosário, durante os julhos de aniversário da cidade.  
     E ainda antes de voltar para BH, uma referência afetiva, de curta duração real mas bem gravada na memória: o Bar do Maurício (que nós chamávamos de Bar das Tias), em Alfenas, onde morei por três meses.
    No bairro em que nasci, Colégio Batista, morei até os 15 anos, não deu tempo de ter meu próprio bar da esquina (mas em Sabará já os havia). Portanto, os registros começam com o Fabinho, na Pouso Alegre, a vinte metros de casa, que era a sede de um time de futebol chamado "Aonde vais, garboso infante?" Um quarteirão adiante, havia o Xique-xique, também uma segunda casa nossa. O Scotellaro, o Café Frei Veloso e outros bares menores das avenidas Santos Dumont e Paraná, e da rua São Paulo, durante um tempo me serviram de "escritório": eu escrevia ali como se tivesse uma câmera fotográfica na ponta da caneta. Em 1989 frequentamos com assiduidade o Cravo e Canela, reduto de eleitores do Lula. Ao Chalé do Carlinhos fui poucas vezes, mas marcantes. Meu ponto era mesmo o Sô Michel, um libanês finíssimo, e sua esposa, Dona Lucy, com os quais eu conversava durante horas, sobre política e suas lembranças da terra natal. Nos cinco anos em que morei no bairro Ipiranga, usei os serviços do Pirapora e do Delle's. Perto da sede da secretaria de cultura, dentro do edifício Central, havia o Adilson e, quando nos mudamos para a Sapucaí, o Tia Emília ou Granito, do senhor simpatia Carlinhos.
     E para finalizar um bar que foi o idealmente meu bar de esquina, onde cheguei a beber, pouco, com meu pai. (Misteriosamente, só agora me ocorre a imagem de que ali meu pai, de alguma forma, me "passou o bastão" como 'filho botequeiro'.) Ficava na esquina das ruas São Luiz e Josias Cassimiro, a dois quarteirões de nossa casa na São Mateus, no Instituto Agronômico. Foi ele que usei como cenário (e de onde roubei personagens) para meus contos de Suíte Bar. O dono era o Tomás, sujeito elegante, inteligente, sensível, companheiro de seus fregueses. Quando cursei Letras, eu costumava chegar da faculdade perto de 23h, me sentava no freezer e nós dois proseávamos com folga por uma ou duas horas; era comum me posicionar ao balcão (onde costumava ver meu pai - será que minha mãe chegou a me mandar buscá-lo para almoçar?) nos fins de semana e costurar conversas até o meio da tarde com os "colegas de copo e de cruz".
     (Ainda bem que, hoje, aos 53, o bairro União não tem um bar da esquina para me tirar de casa...)
     PS.: A Rosângela lembra que eu não citei o Cantinho da Glau, bar que, segundo ela, "é tão bom como se fosse na minha esquina", em minhas palavras. Bom, não citei o Bar da Glau simplesmente porque ele ainda é um bar da minha esquina.




sexta-feira, 5 de setembro de 2014

ENCONTROS CASUAIS

    
    Era uma entrega de prêmio literário em BH. Depois da solenidade, cervejas e cada um foi pro seu canto. Marçal ia dormir lá em casa, um barracão que eu alugava na casa do Régis Gonçalves, na rua Jaspe, Floresta. Portanto corria o ano de 1990. Fomos tomar a saideira no bar das irmãs do Carlinhos, na Pouso Alegre. Era a garagem da casa delas, duas ou três mesas, uma onda bem íntima, amigos e familiares delas. Mas já devia ser quase meia noite e havia apenas as duas proprietárias, uma moça conversando com elas, eu e Marçal. (Engraçado, agora acho que tinha mais alguém com a gente...) A certa altura, Marçal fala meu nome em voz alta e a moça então dá um pulo em minha direção, quase se senta no meu colo. Ela não estava brava comigo.
     Flash-back: meu amigo Sylvio Proença havia se mudado para São Paulo há alguns muitos anos, foi servir na aeronáutica. Lá, frequentou um curso pré-vestibular, onde fez amizade com um Waldir Maniga. Juntos eles aprontavam todas, como afixar poemas nas paredes da escola. Por carta, Sylvio me contava essas coisas, e que havia usado alguns poemas meus.
     Corta para 1990, INT, noite, bar: A moça, excitada, feliz, conta que estudava naquela escola e amava meus poemas.
     - E o que você está fazendo em BH?
     - Um trabalho para um instituto de pesquisas. Você quer ser entrevistado?
     Continuamos bebendo e conversando por mais um tempo. Ela se chamava Lua. Acabou dormindo lá em casa também. Me deu um boné vermelho, foi embora de manhã bem cedo. Trocamos duas cartas. Nunca mais vi. Ainda tenho o boné.

terça-feira, 2 de setembro de 2014

SOBRE O FILME NEBRASKA



UM RAIO-X  DA AMÉRICA
(Rodrigo Leste)
  
   O filme NEBRASKA trata do mais americano dos assuntos: o dinheiro.
    Em um bem escolhido preto e branco, a película mostra a trajetória de um homem velho, doente, perturbado, que acredita ser o ganhador da quantia de um milhão de dólares, promoção canhestra e picareta de uma revista que lhe caiu às mãos.
    O american way of life é inteligentemente dissecado pelo roteiro, muito acima da média dos lançamentos que aparecem por aqui. Televisão, mesquinharia, maledicência, além da overdose de comida e bebida são elementos constantes no cotidiano das personagens. Ao saber que o velho ia entrar no milhão, muita gente daquelas cidadezinhas cheias de tédio, por onde o protagonista passa na companhia de um de seus filhos, tenta armar arapucas para abocanhar parte da bolada. Aliás, o esforço deste filho que se dispõe a acompanhar o pai em algo que ele, o filho, sabe perfeitamente que é insensato e absurdo (o recebimento do prêmio de um milhão), é o contraponto humano que confronta a sórdida ganância dos que querem se apossar da grana do velhinho. O rapaz entende que a fantasia de ganhar o dinheiro é o pouco que resta na mísera vida do pai. Por isso se arma de uma paciência de elefante para fazer as vontades e caprichos do velho teimoso e obcecado; compreende que esta talvez, seja a ultima oportunidade de gozar de sua companhia antes que ele bata as botas.
    Uma cena marcante: um grupo de velhos, parentes do “feliz milionário”, assistindo um jogo de basquete ou futebol na tevê. Pessoas que não se encontram há muito, reúnem-se e ao invés de botarem a conversa em dia, curtirem a companhia uns dos outros, ficam prostradas diante de um aparelho ruminando suas respectivas solidões com as caras mais tristes e desamparadas do mundo.
    Se quiser conferir, vale a pena, NEBRASKA, um filmão!
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    O filme tem isso tudo mesmo que o Rodrigo diz, mas quero chamar a atenção para outro aspecto do roteiro: a compreensão do filho que, mesmo sabendo que o pai está investindo numa roubada, o acompanha na viagem e o deixa ver, com seus próprios olhos, que a parte mais podre do sistema fodeu de novo com ele. Isso é generoso, de sua parte, mas ao mesmo tempo tem algo de sádico, como muitas das ervas que temperam as relações familiares.

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

OS VOTOS (por ora)

  


   Pensando em quem votar este ano. Se votar. Se não anular... Por enquanto, a coisa está assim:
      Deputado estadual: recentemente, estive numa reunião com o vereador Gilson Reis. Inspira confiança, o discurso é afinado com o que eu penso, esteve ao nosso lado nas últimas greves (PBH). O PCdoB não é nem de longe um partido interessante, mas o Gilson pode ser uma opção. Retificando em 18/09: conheci o André Veloso, do PSOL, votarei nele.
     Deputado federal: Patrus Ananias. Errou em não disputar a primeira prefeitura com o atual prefeito; errou em aceitar ser vice do PMDB para o governo do estado; errou em demorar a assumir a briga pela PBH em 2012, mas ainda é um político em que acredito.
     Senador: trabalhar contra o PSDB.
     Governador: Pimentel usou sua popularidade e a do PT para se aliar ao então popular Aécio Neves, do PSDB, para eleger o naquele momento desconhecido empresário Márcio Lacerda, do PSB. Nenhuma chance. Fidélis, do PSOL, tem recomendações de biografia e de amigos que o conhecem. É uma opção à esquerda.
     PresidenteDilma, não. Assim como Lula, teve todas as oportunidades para iniciar processos importantes para o país, e não o fez. E ela tem se omitido, quando não agido de forma detestável, em algumas questões, como, por maior exemplo, a reação autoritária às manifestações populares.
     Luciana Genro, por representar talvez uma postura à esquerda, já que o PT não cumpre mais esse papel. Até onde sei, ela é uma boa candidata.
     Neste momento, Marina Silva está novamente inflada pela direita e seus house-organs. É uma possibilidade tão terrível quanto Aécio Neves. Acredito (e quero) que, se chegar ao segundo turno, chegará bastante enfraquecida, mas se eu estiver errado, provavelmente assumirei o maldito voto útil em Dilma, caso Luciana não passe.
     (Reconheço qualidades do PT, no qual votei por muitos anos, em vários de seus governos, especialmente no federal. Lamento que ele tenha se equivocado tanto desde que se tornou poder.)
     
     

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

MORTE E CENSURA

    


      Nos últimos cinquenta anos morreram perto de mim pessoas que eu amava, em vários níveis, de vários tipos e modelos. A separação é dura, terrível, e não há palavras ou gestos que a desfaçam. Nem o tempo. Vivo (com trocadilho) com todas essas, todos os dias, e não haverá intervalo comercial quando a minha hora também chegar: eles, que se foram, ainda estarão comigo, sua dolorida ausência, ao assistir ao filme da minha vida.
     
     Não me interessei pelo político nem pela pessoa Eduardo Campos, nem antes nem depois de ser candidato, mas sei que as pessoas próximas a ele e aos outros que morreram no acidente estarão sofrendo tudo neste momento. 
     
     No velório de minha irmã, perplexo com algumas pessoas presentes, cometi o verso "o pior da morte não é o morto, são os outros".

     Estava conectado dia 13 p.p., acompanhei o noticiário sobre o acidente desde as primeiras vagas informações até a confirmação das mortes.
     Imediatamente, talvez até mesmo antes dessa confirmação, começaram a surgir na minha página de rede social alertas/avisos/ameaças quanto à possibilidade de eventuais piadas em cima da morte de Eduardo Campos.
     Essa reação foi o que mais me assustou: as pessoas, inclusive alguns amigos meus por quem tenho o maior respeito como intelectuais/militantes de esquerda explicitaram uma antipatia a tais manifestações de humor-crítica-mal gosto-maldade-etc. quando (lá vou eu) o defunto ainda estava fresco! 
     
     Já faz tempo que o país vem se deixando conduzir por uma postura careta (o termo explica bem) que ameaça transformar essa imberbe democracia numa república fundamentalista evangélica (e congêneres).
     Para mim, essa postura reativa a priori se chama censura prévia. E em medida pessoal, o que é muito muito terrível.

     (Algumas poucas manifestações fizeram a diferença na minha página. A melhor foi uma que lembrou que velórios, no Brasil, são, tradicionalmente, um ótimo ambiente para piadas, inclusive sobre o morto. Ou sobre quem o vela, poemas.)

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

VALE A PENA FAZER OFICINA LITERÁRIA?

   Após divulgar a oficina que oferecerei no Espaço Cultural Letras e Ponto entre agosto e outubro deste ano, fiquei pensando se ainda vale a pena esse esforço... Semestre passado, pela primeira vez em cinco anos, não se formou uma turma. Em Santa Catarina quinze pessoas se inscreveram para trabalhar comigo em maio e junho, vinte horas. Em São Paulo, parece, oficinas são uma rotina. Aqui em BH o movimento é bem menor, quase nulo (até onde sei).
   Quando comecei a escrever e publicar, tive poucas orientações de leitura, esparsas, nenhuma de escrita. A primeira experiência concreta foi com o escritor Francisco de Morais Mendes, que repassou comigo os originais (caóticos) da minha novela Diz Xis, em 1990. A partir daí a troca de originais para leitura crítica se intensificou com vários outros amigos. Até que em 2004 dei uma oficina no Festival de Inverno da UFMG, em Diamantina. Desde então venho buscando afinar meu olhar, entender melhor o que é esse processo para dar o melhor de mim em cada oficina, para cada um dos oficineiros que me procuram.
   Se tivesse participado de algumas oficinas quando comecei a rabiscar versos, com certeza teria queimado etapas de aprendizado solitário, batido menos a cabeça no muro, dado menos murros em ponta de faca...
   Por isso, sempre que há a possibilidade de oferecer uma oficina de escrita ou leitura, volto a essas reflexões para chegar à mesma conclusão sempre: ainda vale a pena!

sexta-feira, 25 de julho de 2014

ERNANI SSÓ - da série "perfis de chapas"

  








     
   Há alguns anos, Marçal Aquino me afirmou que faria bem à minha saúde conhecer o gaúcho Ernani Ssó, que tínhamos a ver um com o outro, que o cara escrevia muito e pensava outro tanto... Sugestão de Marçal é uma ordem: escrevi pra Porto Alegre (ou enviei algum livro). Logo veio a resposta e não paramos mais de nos comunicar com muita frequência. Quando criei um email, a coisa ficou ainda mais divertida. Sim, porque é impossível pensar no Ssó deixando o humor (que, no caso, só existe - como, aliás, é na vida real - recheado de inteligência) de lado.
   Quando ele veio a BH, participar de uma mesa no Salão do Livro, aproveitei para levá-lo a Sabará, conhecer aquelas jabuticabeiras (elas haviam sido tema de alguma conversa anterior), igrejas, passear e provar alguma comida típica mineira. (Ele investiu boa parte do tempo falando daquelas guerras que constituem o povo sulista. Acho que todos eles são assim, não sei.) A impressão que me deixou foi a melhor possível: sujeito culto, sem soberba; bem humorado, sem exibicionismo; afetivo, sem ser pegajoso. Enfim, mais um amigo para justificar esta minha vida na literatura.
   Trocamos livros, originais e fofocas. Seu olhar crítico muitas vezes me ajudou a evitar cacos depois de escrever - e antes, claro. Apesar da distância física, tenho o sujeito ao meu lado o tempo todo. Chego a rir sozinho de piadas que "fazemos" sobre absurdos e tosqueiras da vida.
   Também fui a POA, duas ou três vezes. Nos encontramos e foi sempre um prazer desfrutar de sua companhia (e uma vez da de sua família), ser recebido com deferência, sentir que a amizade é intensa e de mão dupla. Foi numa dessas que ele me apresentou o escritor Pedro Paulo Fink, uma pérola das letras nacionais.
   Ssó tem uma obra imensa: romances e contos para adultos, contos para crianças e jovens, traduções do espanhol que enchem uma estante, incluindo a do Dom Quixote (http://www.companhiadasletras.com.br/autor.php?codigo=02293), única para o português brasileiro . 
   Ele não usa redes sociais, mas você pode vê-lo às terças-feiras em www.coletiva.net: doses gigantes de humor, inteligência, crítica e bobagens sobre tudo, mas principalmente sobre literatura. É um bom começo para se aproximar desta figura ímpar.
   

sexta-feira, 30 de maio de 2014

SOBRE A COPA (em lugar de uma carta)

    

     Mônica, não vou comentar seus argumentos, que me parecem bons e são, claro, válidos. Deixa eu tentar colocar no papel (e em ordem) meus pensamentos sobre este assunto. Do início:
     meu pai foi jogador de futebol amador; eu joguei pelada na rua (íngreme, calçada com pé-de-moleque), em quadras, em campos improvisados de terra - onde fosse possível rolar a bola; torci pelo Atlético, na infância, e pelo América, mais recentemente; sempre gostei de assistir a uma boa partida de futebol. Porém...
     a manipulação sobre a paixão que temos pelo esporte tornou-se tão insuportável para mim, que decidi trocar de lado: tornei-me (venho tentando) crítico do futebol. Argumentar que é uma paixão, que é cultura, passou a ser uma ofensa para mim. Coloquei de lado a torcida (mais de efeito poético e político) pelo Coelho e nem os gols da rodada me interessam mais. E aí vem a FIFA...
     hoje vi um cartum: policial ameaça índio, dizendo: "Por que não reclamou em 1500?" Quando o Lula conseguiu trazer a Copa, só achei estranho os estratagemas de sedução que foram usados, mas, como quase todo mundo, pensei: "A gente tem tempo pra organizar a coisa direito. Vamos aproveitar para melhorar alguns itens de infraestrutura, incrementar o turismo etc." Teríamos SETE ANOS para isso. Bom,
     não foi o que aconteceu. E, sim, agora que está claro que houve um imenso desvio de conduta (eufemismo, ok?) na produção da Copa, estamos reclamando. Mas,
     de minha parte, não apenas do governo federal. O SISTEMA deixou a porta encostada e nós estamos mesmo aproveitando para mostrar ao pessoal que ficou aqui na rua, como a casa está uma zona aí dentro.
     Paciência. 
     Por isso, essas e outras, tenho repercutido o bordão "não vai ter copa". Até porque esta Copa já não houve: a terrível, incompetente, corrupta, amadora, catastrófica e autoritária condução de tudo até aqui, mostra que quaisquer que sejam os bons jogos, as emoções e o vencedor (já está dando Brasil há 4 anos), a preparação da festa foi e está sendo tão vergonhosa, que prefiro ir pra casa hoje.

terça-feira, 27 de maio de 2014

FESTIVAL DO CONTO EM FLORIPA

  

    Registro da participação no 4º Festival Nacional do Conto, Florianópolis, maio de 2014:

** Dia 22, quinta-feira, 14h: Eu e Luiz Roberto Guedes somos recebidos por Carlos Henrique Schroeder, Daniel Pelizzari e Tiago, no aeroporto. Diretos pro Rancho Açoriano, restaurante que cultiva suas próprias ostras. Almoçamos algumas delas (in natura, no bafo e gratinadas), anchova e cervejas; vento, frio, boa prosa. Levamos DP ao aeroporto e pegamos André Timm, de Chapecó.
* 20h: Mesa mediada por Demétrio Panarotto. Muito muito boa. Mais de 30 pessoas, ao vivo, umas 50, via web, ouviram um trecho de Insônia, do Timm, Alô, Alessandra, do Guedes, e meu A ponto de explodir. E muita prosa sobre literatura.
* Sequência: Kibelândia, mesas na rua, sanduíches e quibes; Gata Mamada (havia várias), rock e chope.
** Dia 23, sexta: eu e Timm caminhamos durante uma hora e meia do hotel em Cacupé até a praia de Santo Antônio de Lisboa, com direito à companhia de um cachorro preto de patas brancas. No restaurante Rosso tomamos duas especiais e comemos bolinhos de siri. Pedro Franz nos resgatou para o Beira D'Água, onde comemos outra anchova e lula. E tome prosa e cerveja. 
* Noite: mesa de Luisa Geisler, Noemi Jaffe, Cíntia Moscovich e Márcia Denser, mediadas por Katherine Funke. Perdi a sequência: meio resfriado e com oficina para começar no sábado.
** Sábado, 24: Primeiro encontro da oficina, na biblioteca do SESC. Quinze pessoas extremamente dedicadas a ler, pensar e discutir literatura, de 14 às 19h30.
* Noite: Apresentação de Suelen Rocha e Fred Paiva (que fez oficina comigo há uns anos, em Jaraguá do Sul), baseada no livro que eles escreveram juntos, Quem matou Porfíria Reis? 
Sequência na pizzaria Nave Mãe, pizzas e cervejas e mais prosa, com Tiago, Patrícia Galelli e Dennis Radünz.
** Domingo, 25: Mais uma manhã de paz. Mais uma tarde de trabalho com os oficineiros. O segundo módulo, em junho, promete ser ainda mais produtivo.
* 20h: espetáculo da contista e atriz Susana Fuentes, lindo. Sequência no bar Capitão, cervejas, prosa e mini calzoni.
** Segunda: retorno a BH. Saldo na bagagem: Cavalos mortos permanecem no acostamento, de Pedro Franz; ossama, Cidades marinhas, Livro de Mercúrio e Extraviário, de Dennis Radünz; ô catarina, suplemento cultural do estado; Quem matou Porfíria Reis?, de Fred paiva e Suelen Rocha; Correspondências, de Péricles Prades; 15'39" e o CD Chamando chuva, de Demétrio Panarotto; O fantástico na Ilha de Santa Catarina, de Franklin Cascaes; Escola de gigantes, de Susana Fuentes; Carne falsa, de Patrícia Galelli (por ora, só em pdf) e uma crônica de Vanessa Clasen, no jornal Folha de SC.