terça-feira, 31 de janeiro de 2012

TÃO RARAS MUSAS

      Cultivava eu incerta insônia, quando veio dar aos meus umbrais, certa voz em nada insana, a me exigir explicações demais. Despertei com um soluço - iiic! - e bradei: "Senhor Rique, tu que, tá, tudo sabes, respondei-me:
CADÊ O MEU?
 (À maneira de - de certa maneira - Ricardo Aleixo. Para Rodrigo Leste e Rui Werneck de Capistrano.)

Quando a coisa envolve grana,
fatias de poder,
nacos de fama,
ninguém me chama.

Só sou lembrado
na hora de construir,
quando ainda não rola
o faz-me-rir
e ao projeto bem bolado
ninguém dá bola.

É, é sim.

Mas não posso reclamar,
comigo sempre foi
assim:
me anunciam uma boiada
para entrar,
e  me deixam sem o mosquito
da bosta do boi
a nuvens de poeira ver
se perdendo no infinito.

A boa dica – me dão –
é ter eu mesmo a boa ideia,
criar laços de amizade
com quem sabe do milhão,
esconder a cara feia
sob o sorriso-sociedade,
ficar de bem com todo mundo,
bajulante mui exímio,
arrancar do Fundo um fundo
ou, no mínimo, aquela cota
ínfima de patrocínio.



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