sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

POESIA DA BOA




A poeta Isadora Krieger me pergunta sobre meus poetas preferidos. Pergunta recorrente à qual nunca dei uma resposta que me satisfaça. Talvez tenha chegado a hora de tentar.
Isadora, antes de pensar no assunto, afirmo Fernando Pessoa. Ele está, de verdade, na cabeceira, sempre, Álvaro de Campos. Por que ele? Ainda sem pensar muito: ele fala da vida, seus poemas têm intimidade com a vida. E tem uma construção de texto que soa bem na minha caixa de som.
Gosto do Maiacóvski. A invenção da forma, a grandiloqüência, a fúria. Seus textos sobre poesia me fazem gostar ainda mais dele. Ritmo, claro.
Gosto muito de poesia. De quase tudo que já li, portanto, dei sorte. O que emociona. O que inventa. O que surpreende. O que revela. O que soa e ecoa. O que canta. O que batuca. O que faz ruído. O que provoca. O que irrita. O que comove.
Sabe do que não gosto em poesia, Isadora? De um certo tipo que se pretende (e talvez apenas seja mesmo) altamente racional; que tem o olhar voltado só para o cânone; que não fede nem cheira; que parece estar falando de algo muuuuito importante mas que é apenas vazio preenchendo oco.
A lista de bons poetas e poemas seria grande, mas a melhor maneira de saber se o poema é bom é observar suas patinhas: se elas se mexem enquanto leio, vale a pena ir até o fim.

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