quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

OFICINA MECÂNICA DE LER

Se nas oficinas de produção de texto de ficção eu faço a mediação entre o que o oficineiro faz e o que é capaz de fazer, o que são as oficinas de leitura?
Basicamente é a tentativa de, lendo juntos, provocar outro olhar para o texto lido e para o ato de ler.
Dois passos básicos: observar a pontuação e a pronúncia correta de algum termo menos corrente. Para muitas pessoas é um mistério que haja diferenças de inflexão entre a vírgula, o ponto, as reticências... Claro que não é um "curso" de oratória, mas a intenção do autor muitas vezes se perde se a leitura é equivocada (quando não o sentido simples de uma frase – que interferirá na compreensão do enredo). Desconhecer certas palavras é apenas a ponta do iceberg da capacidade do leitor médio contemporâneo.
Adiante: fazer com que ele compreenda quem são autor, narrador, personagens. É muito comum as pessoas julgarem os autores como costumam julgar os atores por seus personagens em telenovelas.
Mais um pouco: situar o enredo e sua relação com os personagens, o autor e sua época.
Estas são situações rotineiras nas oficinas de leitura, seu lado visível. O mais importante, entretanto, não tem parâmetros mensuráveis: é deixar que o outro se contagie com o meu prazer pela leitura e pela literatura, por aquele momento em que estamos juntos em busca de – apenas – gostar ainda mais delas.

Um comentário:

  1. Sérgio, parabéns por seu trabalho, de fundamental importância num país tão carente de leitores!

    Abraços

    Márcia

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