terça-feira, 5 de junho de 2012

O FUTEBOL E AS DROGAS



Alguém fez circular uma mensagem por email com o seguinte teor: “Depois que entendi que o consumo de drogas pelas classes média e alta é o que sustenta o tráfico e todas as suas consequências nefastas, decidi romper a amizade com as pessoas que usam drogas. Portanto, se você é uma delas, da próxima vez em que nos encontrarmos, faça de conta que não me conhece.”
Este indignado não era meu amigo, portanto o assunto não me dizia respeito. Mas me lembrei disso ontem, quando o Atlético Mineiro contratou o Ronaldinho Gaúcho. Vi mensagens no Facebook, ouvi pessoas discutindo e mais uma vez me senti deslocado. Por que pessoas que têm, ou aparentam ter, discernimento sobre muitas coisas da vida, se deixam levar por esta fantasia de futebol?
Você já deve ter assistido à cena de dois sujeitos, na rua, no ônibus, por aí, falando de futebol. Como eles se entusiasmam, como defendem este ou aquele time, este ou aquele jogador, dirigente, jogo, campeonato, título, técnico, juiz, estádio, comentarista, programa de tevê... Não é incomum que cheguem a trocar insultos e agressões físicas. E depois cada um segue seu caminho, sua marmita vazia, seu salário mixuruca, sua vidinha mais ou menos...
E a imprensa quer é mesmo isso, é disso que os sistemas se alimentam, da atenção que damos ao que não incomodará a elite, os donos do poder, o capital, a estabilidade governamental... Todo e qualquer noticiário sempre destina um grande percentual de tempo ao esporte, isto é, ao futebol. Nosso circo.
Não penso em tomar uma atitude radical como aquele cara que ficou indignado depois de ver um documentário sobre drogas na tevê, mas gostaria ainda mais de meus amigos se eles dessem a este número do picadeiro uma atenção menos ingênua.

4 comentários:

  1. Muito bem colocado, Fantini. Até hoje fico um pouco deslacado durante as discussões futebolísticas de meus amigos. Afinal, não acompanho esse vai-e-vem desportivo.
    Não quer dizer que eu não curta um bom jogo de futebol, com gol de placa e tudo, coisa muito difícil de se ver hoje em dia, aliás.

    ResponderExcluir
  2. Rui Werneck de Capistrano7 de junho de 2012 às 06:30

    Fantinaço, eu penso só um pouquinho diferente. Acho que as pessoas, como seres humanos, precisam de alguma paixão. É o que move o mundo. Infelizmente, a paixão pelo futebol é que domina por aqui. Mas, paixão é tudo. É muito bom estar envolvido, mesmo que sem poder de decisão,nas confusões que envolvem jogadores, técnicos, times, campeonatos. Torcer, torcer, discutir, levantar a taça no copo de cerveja.Ter paixão é se sentir vivo. E, como eu disse numa outra frase: PAIXÃO NOS OLHOS DOS OUTROS É PIMENTA. Abraços.

    ResponderExcluir
  3. Caro Sérgio, suas postagens estão cada vez melhores. Este texto sobre o futebol é cristalino. Ao lê-lo, pensei muito em mim mesmo. Na virada de 2004/2005, naquela época em que listamos uma série de resoluções para o próximo ano, eu tomei a decisão de me tornar um ex-torcedor. Além de tirar um peso dos ombros - eu me sentia o próprio presidente do clube, preocupado com contratações, dispensas, etc - creio que tomei um banho de lucidez. E posso dizer algo ao Rui Werneck: minha paixão é a poesia. É muito mais saudável.

    ResponderExcluir
  4. Rui Werneck de Capistrano12 de junho de 2012 às 09:43

    Então, Alexandre, como eu disse, cada qual com sua paixão. Infelizmente, a paixão pelo futebol é muito grande em quase todo mundo. Eui torço por muitas coisas. Talvez seja apaixonado não correspondido, em todo caso, torço.

    ResponderExcluir