Acabei o 2º grau e fiquei uns quatro anos só vendendo meus livrinhos pelas ruas de BH. No pré-vestibular, de tanto assistir às aulas de literatura, acabei virando amigo do professor. Um dia, sem mais, me abordou no corredor com um livro: "Acho que você vai gostar disso".
Era o Cartas na rua, recém-lançado pela Brasiliense.
Antes de publicar meu primeiro livrinho de poemas em 1979, eu tentava escrever contos, mas por ler muito crônicas, o que saía era algo terrivelmente ingênuo e mal ajambrado. Ao terminar de devorar o Cartas e as Notas de um velho safado, escrevi meus primeiros contos.
Mas a historinha de que mais gosto foi com o Mulheres: eu trabalhava numa cidade vizinha e, morando e estudando em BH, ia e voltava todo dia. Assim que o livro chegou na Coltec, comprei, mas, como tinha aula à noite, deixei para começar no dia seguinte. No dia seguinte tinha que pegar alguma coisa numa gráfica, mas a coisa ainda ia demorar para ficar pronta. Para dar um tempo, procurei uma lanchonete: faria um lanche e pegaria o Mulheres.
Porém, havia um bar no meio do caminho...
Lá pelas 11h, meia dúzia de cervejas e muitos cigarros, tinha passado da página cem e dado muita risada sozinho. Chutando o balde do compromisso profissional, peguei a namorada na hora do almoço e fomos pro barraco dela acompanhados de pizza e vinho.
Bela tarde foi aquela...
Bukowski e cachaça acabam com qualquer emprego decente, tradicional e cristão. Por isso é que viemos parar na cultura...
ResponderExcluirBukowski era humorista. Só que não sabia disso. Eu rio disso e dos textos dele.
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