Conheci Luis Giffoni em 1990, apresentado pelo Francisco de
Morais Mendes, se não me confunde a memória. Ele já havia lançado livros e
vencido prêmios. Àquela época, saiu O ovo
de Ádax, que eu profetizei como potencial best-seller. Meus dons, como minha memória, são falhos. Mas foi o
romance que selou nossa amizade. De lá pra cá, tive o privilégio de ler quase
todos os seus originais, um lucro para mim, que aprendi muito de literatura com
isso.
No início deste mês, entre cervejas e conselhos mútuos sobre
preservação de saúde (só de amizade são quase trinta anos), por algum motivo
que nos escapou, listei seus títulos meus preferidos. Que são:
O ovo de Ádax,
principalmente por nos mostrar que nunca seremos best-sellers (estamos mais para Peter Sellers, panteras cor-de-rosa
num mercado surrealista);
A árvores dos ossos,
pela maestria no domínio da linguagem;
O pastor das sombras,
pela eficaz utilização da pesquisa histórica e pela linguagem criativa;
Os relatos de viagens. Giffoni é um globe trotter que tem a generosidade de compartilhar suas
experiências, sempre adornadas pela ágil mão do ficcionista e calcadas em sua
experiência de vida.
Todos os livros do Giffoni me marcaram de alguma forma: o
acidente inicial em Tinta de sangue,
um ar de melancolia em Adágio para o
silêncio, o atentado em A verdade tem
olhos verdes, a experiência psicodélica com as telas de Pollock de Infinito em pó...
Este é um romancista strictu
sensu, um contador de longas histórias, um criador de personagens e
situações como os grandes escritores são. E é o que ele é.