Há alguns dias, o Afonso Andrade comentou no Facebook que estava completando 20 anos de serviço público. Dei-lhe os parabéns e informei que eu havia completado, em janeiro, 28 anos, na Cultura da prefeitura de BH. Alguns minutos depois, o Flávio Fargas veio me cumprimentar, brincando, pela minha "resistência". Disse a ele, que é um amigo novo, que tenho muito orgulho disso, e agora me deixa ver se foi isso mesmo...
Quando entrei, via concurso público, em 1985, passei um pequeno período no setor administrativo (Bia Morais era a diretora); por ter "redação própria", fui levado para o gabinete do secretário Arutana Cobério, fazia ofícios e datilografias em geral. Com a chegada de Berenice Menegale, fui incumbido de fazer um varal de poesia em todas as regionais - e aí voltei (*) de vez às atividades culturais propriamente ditas.
Aquele governo criou a Secretaria de Cultura, que até então era também de Turismo, e eu assumi (éramos cinco servidores no Departamento de Cultura, dirigido por Júlio Varella) uma das cinco chefias de serviço, a de Eventos. Nos próximos tantos anos (até que Arnaldo Godoy virou secretário e precisou de espaço para seu irmão e eu aproveitei para me apostilar), eu estive presente na criação/concepção/coordenação de quase tudo o que foi feito de importante na Secretaria de Cultura de BH: a 1ª Bienal Internacional de Poesia; Festival de Arte Negra; “Memória Viva”, homenagem a Murilo Rubião; Concurso Nacional de Literatura Prêmios “João-de-Barro” e “Cidade de Belo Horizonte”; Arena da Cultura; projetos Quinta com Arte, Música de Domingo, Praça Sete Seis e Meia, Estação da Música, Terça de Graça, Sexta Sintonia; Salão do Livro & Encontro de Literatura, entre outros.
Com a criação da Fundação de Cultura, venho trabalhando no setor de bibliotecas, livros, prêmios, seminários de literatura... (Detalhe essencial para aquele que ainda não conseguiu se transformar em urso hibernando: fui obrigado a conviver com pouquíssimas pessoas más; ao contrário, além dos colegas sempre muito do bem, tive a oportunidade de trabalhar e, em alguns casos, até travar amizade com dezenas dos melhores artistas brasileiros).
(*) Nove anos antes de me tornar servidor público, eu comecei a editar folhetos literários e meus próprios livros de poemas; formei, com amigos, o Grupo Canções, que apresentou espetáculos de poesia, música e teatro; realizei exposições de artes plásticas; presidi a Fundação de Cultura de Sabará, enfim: passar a atuar na prefeitura de uma grande cidade, foi a oportunidade de ampliar o alcance de tudo o que eu já vinha fazendo em nível pessoal, por puro prazer e idealismo. (E de 1985 para cá, também continuei fazendo todas as minhas coisas, fora da PBH: livros, eventos... destacadamente com meu parceiro Ricardo Aleixo.)
Quanto à imagem que o senso comum tem do funcionário público como um parasita da sociedade, deixo passar: socialista, cada movimento que faço pela prefeitura, cotidianamente, traz a convicção de que é trabalho, afinal, para o povo da cidade em que nasci e em que vivo - poderia ser melhor?